O vento que toca a fada é o mesmo que toca a chuva

A fada, pacientemente, passeava por entre as flores coloridas do seu jardim. Sob o olhar admirado e extasiado estava ela a refletir sobre suas conquistas, o ano a se findar e as mudanças inesperadas que aconteceram. Pequenos passos dava, céu movimentado, ameaça de uma chuva de verão que insistia em não cair. Cada passo transformava-se em um novo conhecer, pensar sobre si dava a pequena fada um estopim de ânimo, de querer viver mais, aprender mais.
Os problemas pareciam ter desaparecido e a mente flutuava por diferentes níveis de alegria. Ela então decide sentar, num toque de mágica o banco está limpo e torna-se tão confortável que ela deita a olhar para o céu. Não contem os pensamentos, concentra-se então no agradecimento, momento perfeito para oração e dedicação a minutos especiais com Deus.
De sua boca saem segredos, aqueles tão íntimos que ela costuma ter com o seu Senhor. Dizer obrigada parece tão simples, mas ela o faz e fecha os olhos com tamanha intensidade que parece estar viajando para um outro mundo. Sente o cheiro das flores, agradece, sente-se em paz e simplesmente adormece.
Acorda com gotas de chuva a tocar seu rosto, no princípio uma pequena irritação toma conta, certa indignação casual provocada unicamente por estar chovendo. Depois, a harmonia sentida ao dormir volta à tona e a fadinha decide agradecer novamente.
A chuva torna-se motivo de alegria também, lembra que as suas amadas flores necessitam dela para sobrevivência e aproveita o momento para mexer na terra, sentir o amor de perto, tocar nele e fazê-lo amadurecer.
A natureza contribuía para aquele cenário; a terra molhada, o vento, a chuva, as flores, a fada, um conjunto de intensidades distribuídas em diversas tonalidades num mesmo ambiente. Amizade entre eles. Todos trabalhando juntos para que as flores pudessem receber aquilo que elas mais almejam, o carinho.
O vento toca a fada, a motiva, então toca a chuva que rega as plantas devidamente cuidadas. E no misto dessas ações, o grandioso sol, unido a chuva impulsiva, dá o colorido radiante das flores e o sorriso especial da fada.