terça-feira, 18 de agosto de 2009

Somos?

Você é ?
Eu sou ?
Resultado?
Nós ??

Saudade

Vou te dizer o que é saudade:

É a distância entre você e "mim".


Então você me fala:

Eu não sei o que faço com esse negócio aqui que ta abrindo,
Um buraco de ausência tua em mim...

Boas vindas

Despojei beleza
Fui vista

Bem quista?

Admirada
Ignorada!

E me fui
Não fiquei

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Estamos longe há séculos


Não sei quando nos veremos de novo. Você quis um tempo.
- Sim, você quem sabe, eu disse.
Já se passaram dois meses.
- Eu preciso pensar, você disse.
Eu te liguei algumas vezes.
Você estava ocupado e eu, bem, eu sei que você tem compromissos.
O tempo era seu, eu sei. Eu parecia estar séculos longe de você.
Um sábado a noite você me ligou, disse que estava sozinho e queria me ver.
Eu corri até você, nos abraçamos, nos beijamos, fizemos amor. Você me deu diversos elogios.
Não conversamos sobre a nossa distância.
Você disse que tinha um jogo no domingo pela manhã.
Eu voltei para casa, não queria incomodar logo cedo.
Liguei já na segunda. Você foi estranho, devia estar trabalhando, disse que me ligaria.
Lembrei do sábado, nem almocei, porque era bom demais lembrar.
Na sexta-feira, liguei preocupada e você disse que estava doente.
Mais três meses se passaram.
Encontrei você no supermercado, você estava de mãos dadas com outra.
Não acreditei, você nem me viu.
Fiz amizades, emagreci, comecei a ir ao teatro.
Na semana passada, depois de um ano que estamos distantes, você me ligou para dizer um oi. Achei estranho. Você me pediu para eu te ligar para conversar um dia desses, então eu disse que não tínhamos o que conversar. Eu tinha séculos para recuperar.

Dias da semana apresentam-se no Circo

No circo exibiam-se os dias da semana.
A segunda-feira entrou sorrateira, sabendo das vaias que levaria.
Sentei nas primeiras fileiras.
Os dias da semana buscavam as melhores exibições.
Alguns demoravam demais, mas eu sempre concluía que todas as apresentações eram necessárias.
As manobras do sábado deixaram-me chateada, entediada, mas um pouco antes da entrada do domingo, novas performances destacavam-se no palco. Show de risos e ótimas músicas deixaram o clima harmonioso.
Quando o domingo entrou, a expectativa era enorme. A curiosidade tomou conta e deparei-me concentrada em cada detalhe.
Aproveitei até a última gota. Tanto que logo que a segunda-feira entrou, eu ainda estava embriagada e sorri para ela.

domingo, 9 de agosto de 2009

As idéias do vento

As idéias foram passear lá pras bandas da montanha russa, dando voltas acima e abaixo, tontas, quase não conseguem dizer. Respiram o ar preso no peito que de tão apertado quase solta um grito de medo. E grita e dizem: quero sair. Não saem.
Aterrisando, já estão ordenadas, comentam sobre o passeio, gritos altos dão e comentam que o mais interessante foram as rajadas do vento.
- O vento? Eu pergunto;
- Sim, mas ele não só venta. Ele conversa.
- E o que ele fala?
- Ele conta segredos.
- E que segredos – quero saber eu.
- Se eu contar, o vento vira tornado e não será mais segredo.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Concurso de Cochilos



NOTÍCIA
Concurso de Cochilos
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Suzi Daiane da Silva
(suzi.believer@gmail.com)
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A Associação Brasileira de Cochilos aliada a diversas fábricas brasileiras do ramo de colchões promovem no próximo dia 10 de agosto o 1º Concurso Nacional de Cochilos.
O evento conta com a presença de grandes nomes do cochilo nacional e promete ser o marco na história dos cochileiros.
O movimento vem ganhando força no Brasil desde o ano de 2005 quando pequenos encontros foram realizados . Contudo, a iniciativa para a realização de um concurso no Brasil aconteceu no último ano, proposta por Carla Nap participante de eventos internacionais e que constatou a grande quantidade de adeptos ao movimento cochilista no Brasil. Daniel Dreamer, vice-campeão mundial conta: Já cochilei em pé e tomando banho. Os cochilos são medidos através de um cochilômetro e o concurso é dividido em três categorias: duração do cochilo, local e posição mais inusitada do cochilo e os sonhos mais criativos no menor tempo de cochilo possível. A grande final deverá acontecer no dia 15 e os participantes que garantirem uma colocação na última etapa receberão a premiação em travesseiros. Os três primeiros colocados de cada categoria levarão para casa um passaporte para a Cochilândia. As inscrições poderão ser feitas até o dia 08 de agosto através do site
www.soucochileiro.com.br.


Despedida

Vou dizer adeus
não diga

Vou-me embora
me siga

Se me despeço
é mentira

Acredite
é só ira

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O mergulho dos pássaros

Contavam os pássaros, ao divertir-se criando histórias lendárias das noites escuras em alto mar, que a praia estava deserta, o céu respingava sombras de nuvens pacientes. E lá no mais profundo do oceano estavam os peixes, vestidos de escamas a taparem seus corpos nus. Não precisavam anunciar sua felicidade, eram o que eram e seus segredos não eram confiscados. Ninguém os processara, não roubavam, não matavam e o alimento, ainda que viesse da morte de alguns, era respeitado, era necessário. Parte da cadeia alimentar marítima.
Os peixes-criança freqüentavam a escola, lhes era ensinado a sobrevivência. Não estudavam minuciosamente regras gramaticais e os cálculos mais difíceis eram ensinados apenas àqueles que decididamente gostavam de entender cada centímetro cúbico de água.
As peixes-fêmea não fofocavam, os peixes-macho não assistiam futebol e ambos não discutiam seus relacionamentos. Não cobravam horários e não dormiam juntos.
O colorido era apreciado, as diferentes espécies não cobiçavam as propriedades alheias, dividiam, não se questionava a criação e os diálogos eram transcendentais. Discutiam o tempo todo, mas não falavam sobre o tempo, adoravam as novidades ainda que depois fizessem críticas a respeito de termos a serem mudados.
Certo dia, bolhas de notícias foram encaminhadas anunciando intrusos no habitat. Os pássaros preocupados tentaram avisar os golfinhos que estavam a apreciar o sol, a informação viera tarde demais e os peixes, conscientes e completamente adaptados a conviver com problemas, mantiveram o ritmo da respiração analisando a novidade de receber novos seres. Organizaram-se sem precisar de gritos e líderes. De pronto, perceberam que a intenção dos novos integrantes ao mar não era permanecer, mas retirar parte de algumas belezas.
Fizeram um acordo. As muitas maravilhas coloridas o mar distribuiria, mas para cada pétala, gotícula retirada, novas espécies deveriam ser introduzidas. O acordo nunca fora cumprido. Os intrusos não souberam ler o contrato – ou fingiram não saber – acabaram devolvendo objetos que ficavam a boiar no mar e que os peixes costumavam chamar de infelicidade.
A vida no mar não perdeu o brilho, os peixes estudaram Direito, novas Línguas e conheceram a cultura, preparando-se para novos encontros. Todavia os intrusos fingiram não ouvir, acostumaram e não mais sentem vergonha. Os peixes sofrem, não desistem e sonham com o dia que tudo isso não passará de histórias contadas por pássaros antigos.