terça-feira, 30 de novembro de 2010

Virando os olhos

Na hora do virar os olhos, soltou um pum.
eu reclamei
ele se desculpou
enquanto virava os olhos, me chamou de vadia
eu adorei
ele se sentiu em casa.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Barulhos

Barulhos estranhos invadem minha casa todas as manhãs. Não vou até a janela para saber o que há, não. Meus olhos são traiçoeiros, prefiro ouvir, só ouvir.
Deito na cama e aguardo os barulhos se repetirem, dificilmente os escuto de novo.
Volto a torcer por uma próxima vez.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Paladar aguçado

Refeição em detalhes

Pera, Uva, Maçã, Salada mista

sórdidos

Com Chantili

Pêssego mordiscado nos cantos

Cereja a enfeitar


Banana em caldas

Carrapato

Tem um puta carrapato nas barbas dele, mas eu não me importo. Gosto dele assim do jeito que é: fedendo a cigarro, gostinho de cachaça na boca, mãos calejadas alfinetando o bico dos meus seios. Fico excitada ao ouví-lo falar grosso, brigando comigo pra eu ficar de quatro. Eu sou caidinha por ele. De três, de quatro, até de oito, eu me deixo quebrar, desmontar e encaixar por ele.

Às vezes, me lembra o pai, tão sério, tão ditador, mandão, ah mas o talento daquela língua pode me chicotear, não interessa. Ele é o meu chicote, meu chumbo. Levo com gosto.

Ele não conversa depois do sexo, eu bem que gostaria de umas carícias pós, de umas palavras doces com o meu umbigo, mas eu já estou habituada e ele tem uma cara de intelectual quando está calado.

Partimow para a terceira da noite, deve ser a última, acho que nesta eu vou junto. Ah quantos tapas, mordidas, beliscões, que socos meu Deus. Isso que é homem viril, fugaz.

Já foi? Ele jorrou de novo. O líquido está mais claro agora. Transparente. Transparente como ele é comigo. Que intenso, que macho, que rinoceronte.

Não foi desta vez. Acho que vou tirar o carrapato dele. Será que posso?

Ele dormiu, estou meio dolorida, o carrapato eu tiro amanhã talvez.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Matando palavras

Conheci na infância umas palavras infinitas que deixei soltas para rirem de mim quando fossem pronunciadas.

Tomei nota do perigo delas quando estavam maduras e muitas há haviam me aprisionado.

Ainda que quizesse regogitá-las depois para pureza de meus eus, estava acostumada ao sabor acalentador dos seus.

Pus fim a existência delas ao acabar com a minha.


MATANDO PALAVRAS
PARA NASCEREM SENTIDOS