quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

A procura do óculos perdido

As cenas presenciadas faziam parte de um pequeno trecho, caminho que ia da casa até a lan house , alguns metros. Caminhava despreocupada com o horário e com a opinião curiosa dos turistas. Meus óculos chamavam a atenção, eu sabia, grandes, refletiam o azul do céu e pareciam espelhos para aqueles que por mim passavam. Exibia-me, sem modéstia alguma, conversas de perder o fôlego com minha prima e risadas gostosas com poucas interrupções.
Tirávamos fotos de cada movimento, vontade de registrar, catalogar as horas de folga, para lembrar depois, para exibir depois. Motivo surpreendentemente forte para chamar a atenção de curiosos que davam a impressão de nunca terem fotografado na vida.
Sentia-me feliz, uma felicidade não muito pura e ingênua já que nela havia certa prepotência com relação aos outros. Não pensava naquele momento sobre tais impurezas, apenas os vivia, coisa que depois me tocou e levou a arrependimento.
A caminhada foi interrompida por uma hora de lazer na lan house, na volta, a escuridão tomava conta. Diversos metros de um breu que eu não presenciava há tempos. O óculos guardado no bolso, triste, sentindo-se inútil na noite que substituía a tarde quente. De repente ele some, as risadas ainda não haviam cessado e tentavam preencher o escuro, talvez querendo encobrir a leve sensação de apreensão, o medo que acompanhava a noite. Foi então que o riso parou, duas meninas embriagadas de verão viam-se preocupadas. A solução foi fazer dos celulares lanternas e voltar o trecho escuro a procura do óculos perdido. Minutos tensos que pareceram horas, unidas não desistiram e o óculos foi encontrado. Alguns reais economizados, salvos por elas, meninas insistentes e ironicamente curiosas.

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